Com 50 anos de carreira, Manoel Cordeiro é indicado a prêmio nacional por novo disco e mostra a força do instrumental amazônico
Álbum "Estado de Espírito" concorre na categoria “Lançamento de Instrumental”. Disco funde Amazônia e Nordeste em sonoridade dançante que marca a traje...

Álbum "Estado de Espírito" concorre na categoria “Lançamento de Instrumental”. Disco funde Amazônia e Nordeste em sonoridade dançante que marca a trajetória do guitar hero paraense. Manoel Cordeiro Divulgação / José de Holanda A música brasileira é um rio caudaloso, feito de confluências. E nesse leito fértil, Manoel Cordeiro navega como mestre. O paraense, guardião e renovador da guitarrada, acaba de ser indicado ao Prêmio BTG Pactual da Música Brasileira pelo álbum Estado de Espírito, realizado ao lado de Beto Barreto (BaianaSystem) e Pupillo (Nação Zumbi). A obra concorre na categoria “Lançamento de Instrumental” e será celebrada na cerimônia desta quarta-feira (4), no Theatro Municipal do Rio de Janeiro. "Estado de Espírito" é uma ponte musical construída com afeto, sotaque e eletricidade. Uma celebração dos territórios do som que formam o Brasil. Com oito faixas que dissolvem fronteiras entre o Pará, a Bahia e Pernambuco, o disco é um manifesto sonoro do Brasil profundo, dançante e ancestral. “A indicação para um prêmio dessa magnitude é sempre motivo de orgulho e um incentivo a mais na continuação de um trabalho, que eu considero tão lindo e autêntico”, comemora Manoel Cordeiro. Lançado em 2024 pelo selo Máquina de Louco, o disco nasce do encontro entre três músicos que são ao mesmo tempo memória e invenção. Cordeiro, com sua guitarra amazônica atravessada por ecos da América Central e de Angola, junta-se ao pulso baiano de Barreto e à batida inventiva de Pupillo, que sintetiza os ritmos com a sensibilidade de quem entende que tradição também é futuro. “O disco atingiu um ‘estado de espírito’ que traduz a cultura, ancestralidade, a linguagem, o jeito e o sotaque de cada um desses lugares”, afirma Beto Barreto. Mesmo construído à distância, o álbum tem o frescor de uma jam session orgânica, com dois encontros presenciais em estúdios de São Paulo. Manoel define com simplicidade o resultado: “É um disco muito espontâneo e bonito.” Roberto Barreto (à esquerda) e Manoel Cordeiro Filipe Cartaxo / Divulgação Cada faixa guarda um traço da travessia compartilhada. Em “Do Marajó a Itaparica”, Manoel evoca sua viagem de barco da ilha onde nasceu até o território de Beto. Já em “Depois de tudo”, ele assume a bateria em um marabaixo, ritmo do Amapá que também faz parte da sua formação afetiva. “A gente percebeu que tinha uma liga muito grande nisso. Quando a gente tocava junto aconteciam coisas especiais e as composições nos guiavam muito”, diz Beto. “'Estado de Espírito' conta uma história maravilhosa, que tem um conceito capaz de arrebentar a boca do balão com ritmos super dançantes. Estou feliz demais", celebra Pupillo. A indicação ao prêmio coloca Manoel Cordeiro ao lado de gigantes como Hermeto Pascoal, Yamandú Costa, Amaro Freitas e o Clube do Balanço — e reafirma seu lugar entre os grandes nomes da música instrumental brasileira. Mais do que reconhecimento, é sinal de que a obra desse mestre ribeirinho segue viva, reinventando a tradição e levando a Amazônia elétrica a palcos do mundo todo. 📲 Acesse o canal do g1 Pará no WhatsApp VÍDEOS com as principais notícias do Pará